Foram R$ 55 bilhões de reais em mercadorias retidas, durante seis dias, em uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo. Com 220 mil toneladas, 400 metros de comprimento, 50 metros de largura e 18 mil contêineres, o navio Evergreen, de tamanho equivalente ao Empire State Buiding, protagonizou um dos epísódios mais críticos da logística mundial nas últimas décadas, ao bloquear o Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, através do Egito.
Tudo está conectado
No cenário de um mundo globalizado, acontecimentos que podem, incialmente, ser vistos como pontuais, têm o potencial de afetar toda a cadeia produtiva global. Foi o que aconteceu com o navio Evergreen: o mau tempo, que pode ter sido associado a falhas técnicas e humanas, resultou no encalhe da embarcação em uma das principais rotas econômicas do planeta, por onde passam 12% do comércio mundial. O que era visto como um incidente, passou a ser encarado como uma séria ameaça à economia. De uma hora para outra, as entregas de insumos importantes a vários setores da indústria estiveram prejudicadas.
Prejuízos
O episódio resultou em uma série de transtornos. De repente, diante das incertezas sobre o tempo de solução da crise, navios se viram obrigados a resgatar rotas alternativas, algumas delas em desuso desde o século XVII, como alternativa para cumprir suas entregas. Em vez de utilizar o Canal de Suez, que reduz a distância entre os continentes asiático e europeu, por exemplo, contonar o extremo sul da África se tornou a única solução possível para este trajeto, ainda que significasse ampliar o tempo do percurso em até três semanas e o consumo de combustível em até US$ 30 mil por dia, dependendo da embarcação.
Desde roupas e sapatos a equipamentos de ginástica, eletroportáteis, alimentosm, peças, grãos, combustíveis e suprimentos de energia, o bloqueio no Canal de Suez afetou diversas cadeias de abastecimento, o que pode significar aumentos de preços devido à demanda reprimida, embora ainda seja cedo para definir o tamanho do impacto total. No último dia de bloqueio, havia 327 navios na fila, provocando prejuízos de até US$ 400 milhões às empresas que possuem mercadorias retidas no canal. Os resultados imediatos devem se concentrar no comério europeu-asiático, aumentando as tensões já prejudicadas por gargalos resultates da escassez devido à Covid-19. Em seguida, a reação em cadeia deve afetar mais fortemente todo o planeta.
A importância de um olhar global
O acontecimento evidencia a importância da logística, em suas diversas fases, para a integração global. Afinal, é a logística uma das principais ferramentas que cumprem objetivo de promover a integração entre processos que garantam a disponibilidade de produtos e serviços com máxima eficiência, agilidade, qualidade e controle de custos. Sobretudo para profissionais e negócios que atuam no setor de logística, o bloqueio do Canal de Suez sinaliza a importância de um olhar amplo sobre as consequências das ações realizadas diariamente e de se avaliar soluções alternativas para riscos previamente mapeados.