História do CEO e fundador do Cone, Marcos Roberto Dubeux foi pauta da coluna JC Negócios, do jornalista Fernando Castilho, no Jornal do Commercio. A matéria original pode ser encontrada clicando aqui. Abaixo conteúdo na íntegra.
COLUNA JC NEGÓCIOS
Conheça Marcos Roberto, ele criou o Cone, que gerou mais de 6 mil empregos no Cabo e investimentos de R$ 1,2 bilhão no entorno de Suape
Em apenas 10 anos, o Cone virou referência no segmento ao provocar uma completa mudança do conceito de armazenagem, distribuição e suporte logístico ao Complexo Portuário de Suape
Marcos Roberto não tinha completado 30 anos quando propôs ao pai, Marcos Moura Dubeux e aos tios, Gustavo e Aloísio, sociedade em um novo negócio que pretendia desenvolver numa área de 18 mil hectares coberta de cana-de-açúcar entre as BRs 101 (a antiga e a duplicada), no município do Cabo de Santo Agostinho, que acessavam o Complexo Portuário de Suape.
A Construtora Moura Dubeux recebera a área do empresário Paulo Paiva e, inicialmente, pretendia construir loteamentos industriais e até mesmo habitacionais populares mirando o crescimento do Complexo Portuário.
A construtora chegou a se desfazer de áreas para os empresários Gerson Lucena, da GL Empreendimentos, ex-dono da Vitarella e que criou a Armazenna, e a Joaquim Vasconcelos, ex-dono da Esposende Calçados, que criou a LogInvestements - que atua na construção e locação de galpões.
Marcos Roberto tinha outros planos. Mas para deixar a empresa da família, onde entrara como auxiliar administrativo e se tornara Diretor Financeiro, após se formar em engenharia estudando, à noite, na Escola Politécnica da UPE, ele precisou organizar sua saída enquanto começava a desenvolver o projeto do qual seria sócio, deixando a empresa da família onde poderia, naturalmente, até mesmo assumir a companhia quando os sócios fundadores se aposentassem.
Prestes a completar 40 anos, em 2022, ele agora lidera, o Cone Condomínio de Negócios S.A., que está completando 10 anos com a marca de ter mudado a paisagem da parte sul do Grande Recife, no Cabo de Santo Agostinho, com a implantação de um complexo de logística atualmente com 800 mil m2, indução de outros 450 mil m2 de outras empresas do segmento e proporcionado investimentos da ordem de R$ 1,7 bilhão, a maior parte do próprio Cone que até agora investiu R$ 1,2 bilhão.
O Cone gerou na região, aproximadamente 10.200 empregos, 6.100 deles nas empresas abrigadas dentro nele, e virou referência no segmento no Nordeste ao provocar uma completa mudança do conceito de armazenagem, distribuição e suporte logístico ao Complexo Portuário de Suape.
Ele levou para a região ao menos 50 empresas, entre elas, todos os gigantes do varejo nacional e internacional e novos atores do mesmo segmento.
Após a primeira década, Marcos Roberto, que desenvolveu o Cone literalmente do zero, a partir de uma área de 18 mil hectares, anteriormente ocupada com uma plantação de cana-de-açúcar, mira sua ampliação.
E ela deve triplicar as suas Áreas Brutas Locáveis (ABL) com vários outros empreendimentos que visam completar o mix de serviços que o complexo introduziu e que, vistos na plataforma do Google Maps, revelam a extraordinária mudança naquela região.
Na área de seu principal complexo de serviços, o Cone Multimodal, ele está iniciando uma segunda planta de 300 mil m2 que se somará à atual, com um novo complexo para armazéns e serviços para locação. Também vai iniciar outro condomínio para vendas de pequenas áreas, entre as BR-101 antiga e duplicada, e um projeto de indução à cadeia produtiva do setor metalmecânico uma vez que o Cone virou um grande polo demandante de serviços e produtos metalmecânicos que é abastecido por empresas de fora do Nordeste.
Antes disso, o Cone vai inaugurar, ano que vem, um novo armazém frigorífico com 18 mil m2 de ABL, cuja construção exigiu investimentos de R$ 80 milhões devido à tecnologia de frio embarcada, desenvolvido para atender às necessidades de clientes que já operam no Cone, mas que precisam de mais galpões devido a ampliação do mercado de alimentos prontos após a pandemia do novo coronavírus.
Marcos Roberto conta que começou a desenhar o Cone a partir de uma demanda que identificou existir nas margens das duas BRs, quando ficou claro o estrangulamento dos serviços adjacentes ao Complexo Portuário de Suape.
Ele explica que quando se analisa o Complexo de Suape, de cima, é possível perceber que o Cone está na área que chamou de terceiro anel - onde antes existem os serviços de porto, depois os serviços para as empresas ali instadas no Complexo Industrial ligadas ao porto e que são fortes demandantes de suporte de apoio logístico - e as que usam o porto, mas que não precisam está na sua área de influência direta.
O problema era encontrar gente que lhe ajudasse a desenvolver a concepção do futuro empreendimento. Após a leitura de terabytes de artigos e visitas a alguns complexos, ele conheceu, pela internet, o trabalho do consultor Mike Mullen, que já ajudara a implantar o Center Point em Chicago e outros como os da Fedex, Coca-Cola e Amazon, nos Estados Unidos, e decidiu visitá-lo.
Mullen, que acabou virando consultor do Cone, não estava na cidade e, frustrado, Marcos Roberto deixou Chicago (EUA). Foi então que o consultor ligou perguntado o que ele queria, inicialmente pensando que Marcos Roberto pretendia uma bolsa de estudos numa das universidades que lecionava. Foi início de uma amizade pessoal, que já derivou até para um projeto de ajuda social que Marcos Roberto criou, e que, esta semana, o levou para a Exposição de Dubai, que foi determinante.
O empresário conta que Mullen, que era reconhecido por prospectar e desenvolver complexos de logística ao redor do mundo, nunca tinha ouvido falar de Suape. Mas quando viu o primeiro mapa mostrado por Marcos Roberto começou a visualizar um futuro complexo de logística como o que hoje existe adjacente a Suape que, segundo ele, tinha enorme potencial.
Dez anos depois, a paisagem de fato mudou. Além do Cone, operam na região a Armazena GL Empreendimentos, de Gerson Lucena (cuja companha lidera a locação da áreas para galpões espalhados por vários pontos de Pernambuco) e LogInvestements, de Joaquim Vasconcelos. Agora, está chegando LOG CP, empresa ligada ao grupo MRV que está instalando seus primeiros armazéns.
Além deles, estão em construção os novos CDs da Ferreira Costa, da gigante Amazon e de outras operadoras que ocupam mais espaços na BR-101 duplicada. Todos depois de Ponte dos Carvalhos, cuja estrada tem péssima conservação, a partir da Vitarella.
Com o Multimodal II, o Cone pretende incorporar mais 300 mil m2 de ABL na esteira do crescimento da demanda de Suape como polo de distribuição regional, para quem a companhia desenvolveu serviços de suporte a caminheiros, detendo 45% da movimentação.
O Truck Center MM1 tem capacidade para 580 caminhões, funciona como um pulmão de acesso à rodovia pedagiada até o porto, de modo que caminhão só tem acesso à área portuária com agenda evitando tráfego sem necessidade.
Para Marcos Roberto, o desafio do Cone agora é manter o nível de serviços que introduziu e que o tornaram benchmarking. “Viramos o RioMar da logística no Nordeste”, numa referência à variedade e ao alto padrão de serviços que sua companhia passou a oferecer no setor e que, de certa forma, abria as portas para a negociação com todos os gigantes da distribuição e do varejo.
Há cinco, o então GPA, procurou o Cone com um pedido que assustou os executivos da companhia. Queria uma área de 120 mi m² para concentrar suas operações de retaguarda das redes Pão de Açúcar e e-commerce que estava desenvolvendo.
Eles continuam lá mesmo depois da divisão do grupo. Mas agora a oferta de serviços gerou demanda dos gigantes do setor de alimentos, como um novo armazém para suportar alimentos congelados prontos.
“Estamos construindo uma nova câmara fria para atender as especificações do mercado”, esclarece Dubeux. Os clientes nos disseram que precisam de uma câmara de frios que somadas deu mais de 18 mil m². Vai custar R$ 80 milhões e terminamos fazendo o projeto com parceiro financeiro.
Marcos Roberto costumar dizer que, em 10 anos do Cone, cinco foram vividos em grandes crises como a atual e a do Governo Dilma. Mas ele não para de ampliar o Cone. Além do Multicenter II, a companhia vai lançar novo conceito de logística para empresas que demandam pequenos galpões, mas precisam ter suporte de TI, segurança e serviços.
O projeto chamado de Cone Plug & Play (PP6) prevê a venda de áreas para operadores e investidores. Ele vai abrir uma ligação entre as duas faixas da BR-101 e deve receber centenas de empresas que estão cada dia mais preocupadas com questões de segurança do negócio provocado pelo valor de suas cargas.
A expansão Multimodal exigirá a construção de novas alças de acesso para a Express Way, a rodovia pedagiada que leva ao porto de Suape. Elas devem ficar pontas em maio de 2022, ligando o Cone diretamente à artéria de acesso ao Complexo.
Na semana passada, Marcos Roberto embarcou para Dubai para ver duas coisas na exposição internacional dos mercados futuros de logística numa mostra cujo tema é 'Connecting Minds, Creating the Future' o pavilhão de projetos de ação social.
Será a primeira vez que uma feira universal acontece no Oriente Médio e a expectativa é muito positiva de ver avanços inovadores nas três áreas principais de sustentabilidade, mobilidade e oportunidade de 190 países.
Em relação ao tema logística, ele diz estar curioso para explorar o futuro do segmento no pavilhão da DP Ports. São 170 anos que as exposições mundiais que provém uma plataforma de demonstração das maiores inovações que deram forma ao mundo que conhecemos hoje.
Recentemente, Marcos Roberto criou uma ONG, a IKONE, cujo foco, segundo ele, tem tudo a ver com o tema da Expo 'Connecting Minds, Creating the Future', que é conectar pessoas e soluções para resolver problemas sociais complexo e o propósito da liga Social.
A IKONE é uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é reunir uma liga social global de inovadores, empreendedores e investidores unidos para combater a pobreza e criar prosperidade. Seu objetivo é lidar com o cenário de quebra do ciclo da pobreza, colocando em prática conhecimentos e adotando programas sociais efetivos dentro dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.
Em 2017, com a ajuda de Mike Mullen e sua rede de contatos, ele trouxe a Operation Walk Chicago, uma missão humanitária de médicos norte-americanos que opera pacientes com patologias de quadril e joelho em países em desenvolvimento.
Foi um mutirão de cirurgias em 40 pacientes da rede estadual de saúde, pré-selecionados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), a partir de uma lista de espera para procedimentos de artroplastia de joelhos e quadril. As operações foram realizadas no Hospital do Hélder, no Cabo de Santo Agostinho. Agora, depois da pandemia ele deseja retomar as missões.